terça-feira, 6 de março de 2007

Conhecem Robert Fulghum?

Conhecem Robert Fulghum?
Eu conheci-o, ou melhor, descobri-o num Verão, numa das Feiras do Livro da Póvoa de Varzim. Já lá vão uns anitos mas de vez em quando ainda me lembro dele. É que eu não o conheci pessoalmente, não lhe conheci a fisionomia mas a sua alma sei-a de cor, descortinei-a quando li o seu livro que denuncia a sua impressionabilidade como ser humano É que nesta correria de relações humanas, onde ninguém tem tempo para ninguém, onde todos parecem tão previsíveis ainda existem pessoas capazes de nos surpreender.
Atentem só, à sensibilidade deste homem:

“Esta história é um tanto pessoal. Pode parecer um bocado lamechas, ou um tanto melodramática, portanto tenham cuidado. Começou por ser um bilhete para a minha mulher. E, então, eu pensei que também os leitores podem ser casados ou enamorados e que é provável que também sintam, por vezes, o que eu senti nesse dia e que pode ser interessante falar nesse assunto.
Aliás, esta historia nem é bem minha. É a história de Charles Boyer. Lembram-se dele? Era educado, elegante, atraente, não muito alto. Amante das mais belas e famosas estrelas de cinema. Pelo menos em frente ás câmaras e nas crónicas sociais das revistas porque na vida real era muito diferente.
Charles Boyer foi homem de uma só mulher, durante 44 anos. Os seus amigos diziam que ele e a sua mulher, Patrícia, se comportavam como eternos namorados, foram namorados a vida toda. Mas foram, também, amigos, amantes, companheiros, do 1º ao último dia da sua vida em comum.
Um dia, Patrícia, adoeceu com um cancro no fígado. O médico contou toda a verdade a Charles mas ele não teve coragem de dizer à mulher. E durante 6 meses, dia e noite, ficou à sua cabeceira, a ampará-la e a dar-lhe esperança. Sabia que não podia mudar o destino. Ninguém pode evitar o inevitável.
Patrícia morreu nos seus braços e 2 dias depois Charles suicidou-se porque não queria viver sem ela. Chegou mesmo a dizer: « o amor dela representava, para mim, a vida.»
Não, não era um filme. Como já disse, isto é a vida real, a história real da vida real de Charles Boyer.
Não me cabe a mim julgar o modo como encarou o próprio luto mas cabe-me dizer que, de certo modo, o que ele fez comoveu-me e reconfortou-me. Comoveu-me a grandeza do amor no cenário agitado e confuso das relações pessoais numa cidade como Hollywood. E reconfortou-me descobrir que um homem e uma mulher se podem amar tanto… e durante tanto tempo.
Não sei o que faria se fosse confrontado com a mesma situação. (e é aqui que começa a parte pessoal) ( …) É que há momentos em que penso nisso quando olho para o outro lado da sala e, por entre a agitação normal das tarefas domésticas no dia a dia vejo aquela a quem eu chamo de minha mulher, minha amiga e companheira. Percebo então porque é que Charles Boyer fez o que fez. É que é mesmo possível amar tanto quanto ele amou. Sei que é. Podem acreditar. Eu tenho a certeza que é.”

E foi assim, por uns míseros euros (lembro-me do livro ter sido super barato) que descobri Robert Fulghum numa Feira do Livro remota algures à beira mar. Acreditem, todos os Verões têm as suas histórias mas este foi mesmo especial. Não, não foi só por causa do livro mas acreditem… que lá ajudou, ajudou!
E vocês? Partilhem aqui no blog romano alguns dos livros que tenham mudado a vossa maneira de encarar a vida! Não vale dizer que foi o da Carolina Salgado.
Saudações romanescas

2 comentários:

Hera disse...

"As palavras que nunca te direi"
AMO!

deusa vénus disse...

Gostei muito do livro: "Tudo o que temos cá dentro" do Daniel Sampaio, "Qualquer coisa de bom" de Sveva Casati Modignani.

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